30/03/2012

Frustração da juventude britânica gerou revoltas em 2011, diz relatório do governo


Estudo indica que distúrbios voltarão a ocorrer caso serviços de bem-estar social não cheguem a “famílias abandonadas”.

O Reino Unido precisa entregar à população uma maior parcela da sociedade se deseja evitar que a onda de revoltas que atingiu o país em agosto de 2011 não se repita. Essa foi a conclusão de um relatório publicado nesta quarta-feira (28/03) pelo Comitê de Vítimas e Comunidades das Revoltas, grupo independente instituído pelo governo britânico para investigar as causas do distúrbio social que expôs as feridas de um dos sistemas de bem-estar social mais renomados do mundo.
Depois de visitar 21 comunidades e entrevistar milhares de pessoas atingidas diretamente por esse fenômeno social, analistas apontaram uma série de fatores que teriam motivado o caos público. Entre os mais evidentes, estaria a falta de oportunidades para os mais jovens, a fragilidade das relações familiares e, principalmente, as carências materiais.
O relatório tece uma série de recomendações às autoridades públicas e defende que elas sejam todas aplicadas “em conjunto”. Manter as comunidades trabalhando, auxiliar famílias problemáticas e multar escolas que falhem na alfabetização de seus alunos seriam medidas fundamentais para reduzir ao máximo a probabilidade de repetição dos episódios deflagrados em 2011.
Darra Singh, líder da comissão, explicou ao jornal britânico The Guardian que, "quando as pessoas não conseguem encontrar razões para se afastarem de problemas, as consequências para a coletividade podem ser devastadoras, assim como foram em agosto do ano passado”.
"Os serviços públicos deixam um grupo de aproximadamente 500 mil ‘famílias abandonadas’ às margens da sociedade”, diz o documento. Diante desse número, Singh faz um apelo ao governo e pede para que “os parlamentares considerem a importância das recomendações”, pois, “se esses distúrbios ocorrerem novamente, vítimas e comunidades questionarão lideranças” sobre o porquê do fracasso desse estudo.
Outro foco premente de combate, segundo as conclusões apresentadas nesta quarta-feira, seria a publicidade. Como grande parte das mercadorias saqueadas em agosto do ano passado era composta por artigos de luxo fabricados por importantes grifes, os analistas concluíram que os mais jovens devem ser mais protegidos “do marketing excessivo” por meio de “um diálogo do governo com grandes companhias”.   
The Guardian e a London School of Economics também entrevistaram pessoas que participaram da onda de violência no fim de 2011, e chegaram a resultados que corroboram a preocupação do Comitê de Vítimas e Comunidades das Revoltas com o apelo capitalista abusivo. Além da convivência “frustrante” da polícia com essas comunidades, essa pesquisa do jornal também revelou que o envolvimento de muitos em casos de saque a lojas se deu apenas como forma de oportunismo, uma mera chance de adquirir produtos cobiçados.



foto:oglobo.globo.com

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