30/06/2014

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União Europeia e transnacionais sabotam tratado de direitos humanos


A ONU propôs a adoção de um código de conduta para as corporações transnacionais na década de 1970, mas a ideia nunca chegou a ir adiante devido à vigorosa oposição do poderoso setor privado e dos países industrializados. Agora, a história volta a repetir-se.
O movimento para ressuscitar esta proposta – através da criação de um novo tratado internacional juridicamente vinculativo que vise a responsabilização das empresas transnacionais pelos abusos dos direitos humanos – tem vindo a ganhar força na atual sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, que termina sexta-feira (27).
Ainda assim, tem gerado a mesma reação política dos anos 1970, com uma forte oposição dos interesses económicos e dos países industrializados, desta vez especificamente dos 28 membros da União Europeia (UE).
Jens Martens, diretor da Global Policy Forum Europa, uma organização independente que monitoriza o trabalho da ONU, disse à IPS que existe um acalorado debate no Conselho de Direitos Humanos sobre a criação de um grupo de trabalho intergovernamental que negoceie o instrumento juridicamente vinculante proposto com relação às transnacionais.
“Portanto, a discussão atual não se trata da substância do código de conduta ou tratado, mas do processo”, acrescentou.
A atual sessão do Conselho apresentou dois projetos de resolução em Genebra. Um patrocinado por Equador e África do Sul, que pede ao órgão que defina um grupo de trabalho intergovernamental. Este projeto tem o apoio do Grupo dos 77 (G77) países em desenvolvimento e de uma coligação de mais de 500 organizações não governamentais. Um segundo projeto de resolução, patrocinado pela Noruega, Rússia, Argentina e Gana, apoia o atual grupo de trabalho sobre empresas e direitos humanos e pede a extensão do seu mandato por mais três anos. O mesmo tem o apoio dos Estados Unidos, da UE e de outros.
Martens, co-autor do recente estudo A Influência Corporativa na Agenda Empresarial e de Direitos Humanos da ONU, disse que os “atores empresariais tiveram um êxito absoluto com a implantação de estratégias de relações públicas que contribuíram para apresentar as empresas comerciais como boas cidadãs corporativas”. Também deram a impressão de “procurar o diálogo com os governos, a ONU e as partes interessadas, e de serem capazes de implantar normas ambientais, sociais e de direitos humanos por meio de iniciativas voluntárias de responsabilidade social empresarial”, acrescentou o ativista.
Martens apontou que o Pacto Global e os Princípios Reitores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos são os principais exemplos de um enfoque supostamente pragmático baseado no consenso, no diálogo e na colaboração com o setor privado, em contraste com a estratégia reguladora. Alberto Villarreal, ativista da organização Amigos da Terra Uruguai, disse à IPS que, ao reconhecer o ativismo ambiental em todas suas expressões como uma legítima defesa dos direitos humanos, “podemos contribuir com a luta dos defensores dos direitos ambientais e mantê-los a salvo”.
A Global Exchange, uma ONG de direitos humanos com sede em Londres, apresentou uma lista das “dez principais empresas criminosas”, acusando-as de cumplicidade com violações dos direitos humanos e do ambiente. A relação inclui Shell/Royal Dutch Petroleum, Nike, Blackwater International, Syngenta, Barrick Gold e Nestlé, acusadas por péssimas condições de trabalho para os operários de suas fábricas, ausência de direitos sindicais, contaminação, trabalho infantil, despejo de lixo tóxico, práticas trabalhistas desleais, discriminação e destruição de terras indígenas para a exploração de minerais e petróleo.
Anne van Schaik, ativista da Amigos da Terra Europa, disse que muitos países apoiam a proposta de um tratado vinculante, mas que a UE advertiu que se negará a analisá-lo se este chegar a ser adotado. “Portanto, a UE boicota o Conselho de Direitos Humanos da ONU e defende os interesses das empresas, em lugar dos direitos humanos”, afirmou.
“Não estamos certos se este problema será resolvido amanhã”, respondeu Schaik quando a IPS lhe perguntou se a atual sessão do Conselho tomaria uma decisão a respeito. “A estratégia extremamente obstrucionista” da UE significa que, se a resolução for adotada, o bloco não participará do processo intergovernamental para criação do tratado e “prejudicará de maneira efetiva o processo democrático de tomada de decisões na ONU”, acrescentou.
Schaik explicou que a resolução da Noruega afirma que se deveria discutir o tema do acesso aos recursos, judiciais e não judiciais, para as vítimas de abusos dos direitos humanos derivados da atividade empresarial na agenda do Fórum de Empresas e Direitos Humanos. Na prática, isto significa que na sessão desta semana haverá uma discussão, mas não haverá consequências nem planos de acompanhamento, acrescentou.
O Equador propõe “criar um grupo de trabalho intergovernamental de composição aberta com mandato para elaborar um instrumento internacional juridicamente vinculante sobre as empresas transnacionais com relação aos direitos humanos”, acrescentou Schaik. Isto significa que haverá um novo instrumento que indicará obrigações para transnacionais, o que é muito mais transcendente do que uma discussão num fórum da ONU, assegurou.
O estudo sobre o tratado de direitos humanos escrito por Martens centra-se especificamente nas respostas das companhias transnacionais e dos seus grupos de interesse diante das diversas iniciativas da ONU, e especifica os principais atores e os seus objetivos. Também destaca a interação entre as reivindicações privadas e a evolução dos debates regulamentares no fórum mundial.
O estudo apresenta um grau de influência que têm as corporações e a sua capacidade, em colaboração com poderosos Estados membros da ONU, para a adoção de normas internacionais vinculantes com relação às empresas transnacionais.
Por outro lado, a organização Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, exortou o Conselho de Direitos Humanos a promover a adoção de normas claras e vinculantes sobre a vigilância e a censura na internet. “As empresas vendem tecnologia a regimes autoritários que lhes permite fazer a vigilância em grande escala de sua população na internet”, afirmou a entidade num comunicado.

Esta tecnologia é usada na Líbia, no Egito, Marrocos e na Etiópia para deter, prender e torturar os dissidentes, e as companhias que fornecem esta tecnologia não podem afirmar que ignoram a situação, acrescentou a Repórteres Sem Fronteiras.

Reportagem de Thalif Deen
fonte:http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/06/uniao-europeia-e-transnacionais-sabotam-tratado-de-direitos-humanos/
foto:http://www.ttfbrasil.org/noticias/?id=225

Não sou nada, não sou ninguém!

Artigo de Siro Darlan Oliveira, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, é membro da Associação Juízes para a democracia.


Recebi uma mensagem dramática de uma amiga Facebook narrando que sua casa fora invadida por um menino de rua que entrou como um rato e furtou o celular que estava em cima da mesa. Apenas sua sogra estava em casa, e nada aconteceu com ela. O jovem, de 13 anos, foi detido sem qualquer reação, e aí começou o seu drama. Ligou para o 190, que mandou que ligasse para o Conselho Tutelar, que mandou que ligasse para a DPCA, que finalmente levou o jovem para registro na Delegacia Policial. 
Minha amiga Facebook ficou surpresa por saber que um jovem de 13 anos não tem qualquer identificação. Há 40 anos Chico Buarque já cantava esse fato em seu clássico Meu guri, que furtava documentos para finalmente se identificar. Conclui minha amiga que “o povo clama por redução de maioridade penal, e entende que isso não resolverá o problema”. 
É verdade, o desabafo retrata em preto e branco a triste sina desses jovens colocados no laboratório criador da marginalização do ser humano levado ao seu grau máximo de degradação. Crianças são abandonadas sem lenço e sem documento, sem que seus direitos mínimos de proteção e educação sejam respeitados, e buscam a sobrevivência numa sociedade consumerista e egoísta que, ao invés de buscar soluções inclusivas, insiste numa maior exclusão social, com o aprisionamento precoce de jovens que sequer têm nome e reconhecimento de sua existência como pessoa em desenvolvimento e sujeito de direitos. 
A violência contra as crianças é uma marca registrada dessa sociedade, que recebe tão bem os estrangeiros e trata como estranhos suas próprias crianças. Não reconhece seus direitos e lhes vira as costas quando elas pedem o pão da sobrevivência. A falta de políticas públicas e mecanismos de defesa desses cidadãos em formação é uma realidade em cada esquina dessa cidade. Vejam como reagem os mecanismos de proteção jogando o “problema” uns para os outros, porque na realidade o que existe é um arremedo de sistema de proteção que não funciona. 
Há 13 anos esse jovem perambula pela cidade em busca de seus direitos e da proteção integral que lhe assegura o texto de nossa Carta Magna. Vive como um rato faminto esgueirando-se de casa em casa, de rua em rua, em busca de comida e afeto. Não recebeu, dessa vez, o açoite público da vingança pelas próprias mãos, tão em moda nos últimos tempos. Até quando continuará furtando celulares na ânsia de se comunicar e fazer entender que é preciso se respeitar ante os seus direitos para que aprenda a respeitar, como consequência, os direitos de seus semelhantes. 

Triste ver a mensagem de um candidato a mandatário máximo da nação apregoar como política de Estado não o aumento das escolas e hospitais públicos e o incremento do sistema de garantia de direitos dos mais vulneráveis e sim que pretende reduzir a idade penal para encher ainda mais os presídios de excluídos e marginalizados. Na prática, o que promete é o aumento da violência e o alargamento que separa os brasileiros entre aqueles que têm respeitados seus direitos fundamentais e aqueles que já nascem condenados ao desterro social e à marginalidade cidadã.  

fonte:http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2014/06/30/nao-sou-nada-nao-sou-ninguem/
foto:http://cptba.org.br/2012/08/21/calmo-e-dilacerante/

Mesmo com fraco investimento, assistência jurídica avança no mundo


Em todos os países, o investimento público em assistência jurídica é bem inferior ao destinado aos órgãos de persecução penal. Por outro lado, a assistência jurídica em países latino-americanos, africanos e asiáticos avançou significativamente nos últimos anos. A avaliação é do defensor público André Castro, único brasileiro a participar da primeira Conferência Internacional sobre o Acesso à Assistência Jurídica em Sistemas de Justiça Penal, que ocorreu nesta semana, entre os dias 24 e 26 de junho, em Joanesburgo, na África do Sul.
O evento, promovido pela Organização das Nações Unidas, reuniu 250 participantes, de 67 países, incluindo ministros de Justiça, juízes de cortes constitucionais e diversos representantes de organizações internacionais e entidades da sociedade civil. O tema central foi a efetivação da Resolução da ONU intitulada "Princípios e Diretrizes sobre Acesso a Assistência Jurídica nos sistema de Justiça criminal", aprovada em dezembro de 2012 pela Assembleia Geral. Trata-se do primeiro documento de âmbito global a abordar o tema de forma específica. Sua aplicação abrange não só a justiça criminal, mas o acesso à Justiça em geral.
Castro participou do painel "Financiamento dos Sistemas de Assistência Jurídica: relação custo-benefício e sustentabilidade", onde apresentou a experiência brasileira e a afirmação do modelo constitucional de Defensoria Pública. “Falei sobre as vantagens em relação a modelos privados, seja do ponto de vista financeiro-orçamentário, seja do ponto de vista da qualidade dos serviços e da efetividade da proteção aos direitos fundamentais”, resume.
O convite para participar da conferência veio por conta de sua atuação como presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep) e de coordenador-geral da Associação Interamericana de Defensorias Publica (AIDEF), funções que desempenhou de 2010 a 2012.
Ainda em 2010, Castro participou do painel que debateu o projeto de resolução da ONU sobre assistência jurídica, durante o Congresso da Unodoc (Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas), que aconteceu no Brasil. Desde então, esteve sempre presente nos debates que resultaram na aprovação da Resolução 2.821, aprovada no último dia 5 de junho pela Organização dos Estados Americanos, firmando o compromisso dos Estados-membros pela instalação da Defensoria Pública em todo o continente, com autonomia administrativa, financeira e orçamentária.
Segundo Castro, em quase todos os países os investimentos públicos em assistência jurídica são bem inferiores àqueles feitos nos órgãos de persecução penal. “Na África do Sul, por exemplo, investe-se 2 dólares per capita no sistema da assistência jurídica, mesmo valor investido pelos EUA, a maior economia do planeta. Já o Brasil investe aproximadamente 4 dólares per capita, com enormes discrepâncias entre os diferentes Estados”, conta.
Castro avalia que a assistência jurídica na América Latina, África e Ásia avançou muito recentemente, até porque muitos deles estão partindo quase do zero. “Na América Latina, predomina claramente o modelo de Defensoria Pública, enquanto na África os modelos mistos são majoritários, como no caso da África do Sul, com defensores públicos, advogados contratados em caráter subsidiário e colaboradores ‘para-legais’, atuando especialmente em ações de educação em direitos e mediações nas comunidades”, diz.
PEC das Defensorias
No Brasil, o Congresso Nacional promulgou no último dia 4 de junho a PEC 4/2014, que fixa o prazo de oito anos para que a União, os estados e o Distrito Federal dotem todas as comarcas de defensores públicos.

Além de prever que onde há juiz e promotor, haja também defensor público, o texto amplia o conceito de Defensoria Pública na Constituição, classificando-a como instituição permanente e instrumento do regime democrático.
Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional 80/2014 — como a PEC 4/2014 passou a ser chamada após a promulgação —, Castro acredita que a tendência será a redução de prisões ilegais e arbitrárias, modificando inclusive a jurisprudência dos tribunais estaduais.
“É inadmissível que, em pleno século XXI, o Estado organize um sistema de Justiça criminal, ou mesmo cível, baseado apenas em juízes e promotores, sem a presença de defensores públicos, com estrutura e orçamento compatíveis, assegurando, assim, o princípio da paridade de armas”, afirma.
Embora esteja em processo de fortalecimento, a Defensoria Pública brasileira ainda não está instalada em estados como Goiás e Amapá. Além disso, pesquisa recente do Ipea, feita em parceria com a Associação Nacional dos Defensores Públicos (intitulado “Mapa da Defensoria Pública no Brasil”), revelou que a instituição ainda não está presente em 72% das comarcas brasileiras.
Apesar dos desafios, Castro ressaltou, na conferência de Joanesburgo, o investimento crescente feito pelo Brasil, especialmente levando em conta o contexto de crise econômica mundial, em que muitos países adotam políticas de cortes em investimentos sociais.
“Estudos realizados por órgãos oficiais já apontavam claramente para a necessidade de se investir na assistência jurídica como forma de reduzir custos financeiros e sociais relativos, por exemplo, à morosidade dos processos criminais e à superlotação do sistema penitenciário, com quase metade da população prisional composta de presos provisórios”, observa ele, antes de salientar que a Constituição brasileira prevê, no capitulo dos direitos fundamentais, o dever do Estado de prestar "assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".
Durante o evento, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou oficialmente o "Estudo Global sobre Assistência Jurídica", programa de dois anos de duração que pretende ser a maior pesquisa mundial sobre o tema.

Reportagem de André Pinto
fonte:http://www.conjur.com.br/2014-jun-29/ainda-investimento-assistencia-juridica-avanca-mundo
foto:https://catracalivre.com.br/geral/universidades/indicacao/assistencia-juridica-na-faculdade-sao-judas/

Os Estados Unidos autorizam comercializar os exoesqueletos


A Administração reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou a comercialização do primeiro exoesqueleto (esqueleto externo) que permite aos paraplégicos andar, conforme informou a agência em comunicado. O ReWalk é um aparelho motorizado colocado nas pernas e no torso e que possibilita uma pessoa com lesão de medula espinhal sentar, ficar de pé de caminhar com a ajuda de muletas e a assistência de outra pessoa.
Por volta de 200.000 pessoas nos Estados Unidos têm lesão na medula espinhal, muitos dos quais tem paraplegia completa ou parcial.
“Os dispositivos inovadores como o ReWalk permitem percorrer um longo caminho com a ajuda de muletas para que as pessoas com lesões de medula espinhal ganhem mobilidade”, assegurou Christy Foreman, diretor do Escritório de Avaliação de Dispositivos da FDA. “Junto com a terapia física, a capacitação e assistência de um cuidador, estas pessoas podem utilizar estes dispositivos para caminhar de novo”, acrescentou.
O ReWalk é um aparelho de metal ajustável apoiado nas pernas e no torso, possui motores que permitem o movimento dos quadris, joelhos e tornozelo, um sensor de inclinação e uma mochila que contém o equipamento e a fonte de alimentação. Muletas proporcionam ao usuário maior estabilidade ao caminhar, ficar de pé e levantar de uma cadeira. Com o uso de um controle sem fio colocado no pulso, o usuário mando o ReWalk colocar-se de pé, sentar ou caminhar. O dispositivo não foi projetado para esportes ou para subir escadas.
Os pacientes e seus cuidadores devem receber um treinamento desenvolvido pelo fabricante para aprender o uso apropriado do dispositivo.
A FDA realizou um estudo com 30 pacientes sobre o dispositivo. O relatório detectou alguns riscos associados ao aparelho, como cortes por conta da pressão, manchas roxas ou abrasões, quedas e lesões associadas e hipertensão diastólica durante o uso. A FDA pediu ao fabricante, Argo Medical Technologies, Inc., para completar o estudo clínico após a comercialização, com um registro no qual compile dados sobre os efeitos secundários com o uso do dispositivo.
A FDA, ligada ao Departamento de Saúde do Governo dos EUA, protege a saúde pública assegurando a segurança e a eficácia dos medicamentos para humanos e animais, das vacinas e outros produtos biológicos para uso humano, além de dispositivos médicos.
Um porta-voz do Hospital de Paraplégicos de Toledo, que é um centro de referência mundial pra o tratamento destas lesões, explica que neste campo há “numerosas iniciativas”, e assinala que o primeiro problema é o fato dos aparelhos “serem extremamente caros”. Tampouco servem para todos os pacientes. Mas o fato da agência norte-americana ter emitido nota sobre sua comercialização indica que se trata de um avanço importante.
“Os primeiros modelos davam um modo de caminhar muito robotizado”, disse o porta-voz do hospital de Toledo. Os primeiros aparelhos tinham pequenos motores ativados por comandos (como se fosse um guindaste, por exemplo). Era o caso do famoso projeto europeu ‘Levanta e Anda’, que conseguiu espetaculares – e não muito práticos – resultados em pessoas com paraplegia já que o sistema de comandos que se deveria usar e o peso do equipamento o deixavam pouco operacional.
“Agora se trabalha nos chamados exoesqueletos bio-inspirados”, disse o porta-voz do hospital de Toledo. O dispositivo aprovado nos Estados Unidos pertence ao mais simples do grupo: detecta a intenção do movimento mediante bio-sensores que a capta da parte superior do corpo do usuário, e a transmite aos mini motores que movem as pernas. Isto é utilizado também, por exemplo, para próteses de extremidades amputadas, e era o tipo utilizado por Juliano Pinto, um homem de 29 anos que deu o chute inicial do Copa do Mundo do Brasil, também usando um tipo de exoesqueleto experimental (e que recebeu tão pouca atenção por parte do organizador da cerimônia que lhe custou o emprego depois da transmissão). Em Toledo se está trabalhando em outro modelo com estas características dentro do Projeto Hynter.
Mas o futuro destes dispositivos vai mais além: trata-se de detectar mediante microchips no cérebro ou nos nervos a intenção de mover-se, e, com estas emissões, fazer com que o exoesqueleto atue. É uma ciência relativamente nova (a neuro-protésica ou neuro-robótica) que já conseguiu sucessos como mover um rato e mãos artificiais com a mente.

Reportagem de Emilio De Benito
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/27/sociedad/1403874842_438707.html
foto:http://www.delhidailynews.com/news/ReWalk-exoskeleton--wearable-robot-gets-FDA-nod-1403969612/

29/06/2014

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Facebook faz estudo 'secreto' para entender emoções de usuários

Os textos, fotos e vídeos compartilhados por seus amigos no Facebook podem mudar seu humor. Essa é a constatação de um estudo "secreto" realizado com mais de 600.000 pessoas selecionadas aleatoriamente que acessam a rede social em inglês. A pesquisa, feita em parceria entre funcionários da equipe de dados da rede social e pesquisadores das Universidades da Califórnia e Cornell, nos Estados Unidos, chamou a atenção neste domingo de usuários da internet: seria ético manipular informações para compreender reações dos seres humanos? A discussão está na rede —, mas é importante observar: a criação de pesquisas acadêmicas com usuários da maior rede social do planeta é uma prática comum e legal, de acordo com os termos de privacidade do serviço.
Segundo o estudo, publicado na última edição da revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o Facebook mudou propositalmente, entre os dias 11 e 18 de janeiro de 2012, os conteúdos que seriam exibidos na linha do tempo do universo de pesquisa selecionado. Para tanto, formaram-se dois grupos: uma parte só iria acompanhar conteúdos considerados positivos e, a outra metade, assuntos negativos. Ao todo, mais de 3 milhões de conteúdos e 122 milhões de palavras foram analisadas.
O experimento apontou que pessoas são contagiadas emocionalmente ao conferir o status de seus amigos na rede social: posts considerados positivos produzem felicidade, enquanto os negativos induzem sentimentos depressivos. “Há uma espécie de contágio emocional”, diz o estudo. “O resultado indica que as emoções demonstradas por outras pessoas podem influenciar nossas opiniões”, finaliza.
A pesquisa, disponível na rede há mais de três meses, ganhou a atenção de muitos usuários da rede social depois dos questionamentos das publicações americanas Slate e The Atlantic. Apesar de a produção de artigos acadêmicos relacionados à rede social ser uma prática comum da empresa, houve o questionamento ético: “devemos manipular informações para compreender as reações dos seres humanos?”, questiona a The Atlantic.
Susan Fiske, professora da Universidade de Princeton que editou o artigo para publicação, admitiu preocupação ao aprovar o conteúdo. “Entramos em contato com os autores, mas o conselho aceitou pelo simples fato de que o Facebook faz muitas modificações em seu algoritmo para aprimorar a experiência do usuário na rede social”, finalizou. Procurado pela reportagem de VEJA.com, o Facebook ainda não se pronunciou sobre o assunto.

fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-faz-estudo-secreto-para-entender-emocoes-de-usuarios
foto:http://www.ebuske.com/2013/10/como-surgiu-o-facebook.html

Comissão discute criação de um Tribunal Penal do Mercosul


A criação de um Tribunal Penal do Mercosul será tema de discussão da Comissão de Assuntos Jurídicos e Institucionais do Parlamento do Mercosul (Parlasul), no próximo dia 7, em Montevidéu. Após receber a sugestão da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, o presidente da Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlasul, o uruguaio Gustavo Borsari, pediu que fosse feito um relatório técnico sobre o tema. 
Além desta reunião, Borsari também quer discutir, junto ao Conselho do Mercado Comum (CMC), o Protocolo Constitutivo da Corte de Justiça do Mercosul — órgão supranacional que garantiria o cumprimento dos acordos de integração firmados pelos países do bloco (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela).
O projeto que cria a corte foi aprovado pelo Parlasul em dezembro de 2010 e encaminhado para análise do CMC, mas até hoje nada foi decidido. Segundo o presidente, “a aprovação dessa Corte de Justiça seria um passo importante para que os conflitos entre Estados do Mercosul possam dirimir-se com celeridade”. 
A Comissão de Assuntos Jurídicos é formada pelos parlamentares argentinos Adolfo Rodríguez Sáa, Jorge Landau e Claudio Lozano; pelos deputados brasileiros Luis Tibé (PTdoB-MG), Paes Landim (PTB-PI) e Roberto Freire (PPS-SP); pelos paraguaios Eduardo Bernal e Miguel González Erico; pelos uruguaios Felipe Michelini e Gustavo Borsari; e pelos venezuelanos Willian Ojeda, José Morales e Miguel Pizarro. 

fonte:http://www.conjur.com.br/2014-jun-29/comissao-discute-criacao-tribunal-penal-mercosul
foto:http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2011/09/06/representacao-brasileira-no-parlasul-elegera-presidente-na-terca-feira

Berlim terá primeira 'igreja-mesquita-sinagoga' para unir religiões

Berlim acredita estar fazendo história no universo das religiões ao unir muçulmanos, judeus e cristãos para construir um lugar onde todos possam rezar. The House of One (A Casa de Um, em tradução livre), como está sendo chamada, terá uma sinagoga, uma igreja e uma mesquita sob o mesmo teto.
O projeto foi escolhido em um concurso de arquitetura. Trata-se de um edifício de tijolo com uma torre alta e quadrada no centro. Do outro lado de um pátio ficarão as casas de culto das três religiões - a Sinagoga, a igreja e a mesquita.
Nesta semana, os idealizadores do projeto iniciaram uma campanha para angariar fundos para a construção do edifício. Qualquer pessoa pode doar dinheiro online para o projeto – cada um pode contribuir com quantos tijolos quiser, sendo que cada tijolo custa 10 euros (cerca de R$ 30). A construção do edifício irá começar quando as doações atingirem 10 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) – a expectativa é que esse valor seja alcançado até 2015. O projeto prevê cerca de dois anos para a realização das obras.
O prédio será construído em uma região de destaque - Petriplatz - no coração de Berlim. A localização é muito importante, de acordo com um dos três líderes religiosos envolvidos, o rabino Tovia Ben Chorin. "Do meu ponto de vista judaico, a cidade que planejou o sofrimento dos judeus agora é a cidade que está construindo um centro para as três religiões monoteístas que moldaram a cultura europeia", disse à BBC.
Eles poderão se entender? "Nós podemos. O fato de que existem pessoas dentro de cada grupo que não podem é um problema, mas é preciso começar em algum lugar e é isso que estamos fazendo."
O imã envolvido, Kadir Sanci, vê A Casa de Um como "um sinal, um sinal para o mundo de que a grande maioria dos muçulmanos é pacífica e não violenta". É também, segundo ele, um lugar onde diferentes culturas podem aprender umas com os outras.
Cada uma das três áreas na Casa terá o mesmo tamanho, mas formas diferentes, explica o arquiteto Wilfried Kuehn.
"Cada um dos espaços foi projetado de acordo com as necessidades do culto religioso, com as particularidades de cada fé", disse. "Por exemplo, há dois andares na mesquita e na sinagoga, mas apenas um na igreja. Haverá um órgão na igreja. Teremos um lugar onde se possa lavar os pés na mesquita."
Kuehn e sua equipe de arquitetos pesquisaram projetos para os três tipos de locais de culto e encontraram mais semelhanças do que esperavam.
"O que é interessante é que, quando você volta um tempão atrás, observa-se que eles compartilham uma série de tipologias arquitetônicas. Eles não são tão diferentes", disse. "Não é necessário, por exemplo, que uma mesquita tenha um minarete – essa é apenas uma possibilidade, não uma necessidade. E uma igreja não precisa ter uma torre. Eu estou falando de voltar às origens, quando essas três religiões estavam perto e compartilhavam arquitetonicamente de muitas coisas".
No passado, as diferentes religiões usaram os mesmos edifícios, mas não no mesmo período. As mesquitas no sul da Espanha se tornaram catedrais após a conquista cristã. Na Turquia, igrejas se tornaram mesquitas. Na Grã-Bretanha, antigas capelas galesas chegaram a se tornar mesquitas - e a mesquita de Brick Lane, no leste de Londres, começou como uma igreja no século 18, depois virou uma sinagoga e agora se tornou em um lugar de culto para a recém-chegada comunidade muçulmana.

Mesmo teto

Mas isso é diferente de três religiões rezando como vizinhas sob um mesmo teto. A ideia da Casa de Um veio dos cristãos.
O pastor Gregor Hohberg, um pároco protestante, disse que a Casa será construída no local onde foi a primeira igreja em Berlim, que data do século 12. A Igreja de St Petri foi duramente atingida no final da Segunda Guerra Mundial, quando o Exército Vermelho ocupou Berlim. O que restou foi destruído no período pós-guerra pelas autoridades da Alemanha Oriental.
Então, há seis anos, os arqueólogos descobriram vestígios de um cemitério antigo e decidiram que algo deveria ser feito para ressuscitar a comunidade e o lugar de culto. O projeto se expandiu e mudou de um edifício de uma só crença para o atual plano de uma Casa para as três fés.
Cada fé manterá sua forma distinta dentro da sua área, disse o Pastor Hohberg.
"Sob o mesmo teto: uma sinagoga, uma mesquita e uma igreja. Queremos usar esses espaços para nossas próprias tradições e orações. E juntos queremos usar a área central como um espaço de diálogo e de discussão e também para aqueles não tem fé".
"Berlim é uma cidade onde pessoas de todo o mundo se reúnem e nós queremos dar um bom exemplo de união."

Reportagem de Stephen Evans
fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/06/140624_berlim_casa_religioes_se_kb.shtml
foto:http://thoth3126.com.br/alemanha-construira-o-primeiro-templo-do-mundo-a-reunir-sinagoga-mesquita-e-igreja/

O Greenpeace perde quase 500.000 doadores em duas semanas


A caminho de converter-se em uma rede ecologista global, as duas últimas semanas foram um teste para o Greenpeace. A ONG mais famosa do ramo, com escritórios em 41 países e quase 3 milhões de doadores, sofreu dois golpes tão fortes que forçaram seus membros, especializados em colocar Governos e multinacionais em situações embaraçosas, a pedir desculpas públicas. Causado por um erro humano, o primeiro tropeço parece fácil de explicar: sem pedir permissão, um de seus funcionários comprou divisas estrangeiras para financiar os trabalhos das sedes abertas fora do âmbito da União Europeia.
A operação não é ilegal, e o Greenpeace centraliza sua gestão financeira em sua central em Amsterdã (Greenpeace International) para proteger-se das flutuações do mercado de valores. O problema é que o funcionário calculou mal a cotação do euro e perdeu 3,8 milhões de euros (11,4 milhões de reais) de doações particulares. Tendo em conta que a própria organização cifrava em 2013 em 300 milhões de euros (900 milhões de reais) seu orçamento geral, dos quais 72,9 milhões de euros eram donativos, a falta de controle interno vai custar caro, literalmente.
O outro golpe recebido talvez chame menos a atenção, mas suas repercussões podem ser ainda maiores. Pascal Husting, seu chefe de campanhas, voou semanalmente de Luxemburgo, onde reside com sua família, à capital holandesa, onde trabalha. Em seu caso, a desejada conciliação trabalhista incorreu durante dois anos e meio no mesmo erro de qualquer executivo comum. Ou seja, contribuiu para uma emissão excessiva de gases do efeito estufa, um de seus piores vilões. Para cobrir uma distância de 359 quilômetros por rodovia, teriam sido gerados 142 quilos de CO2 em cada viagem. Em dois anos, é como se tivessem sido gastos sete barris de petróleo, segundo o serviço americano de proteção ambiental. Uma vergonha para um grupo que exige que os capitães da indústria mundial evitem os aviões para distâncias de menos de 1.000 quilômetros. E que, em 2010, foi ao Ártico para investigar a acidificação dos oceanos associada ao dióxido de carbono.
Como o próprio Husting admitiu ao telefone, em meio à voragem de críticas, “ir de trem me custa 12 horas, porque cruzo três países, mas agora compreendo que foi um engano”. “Peço desculpas a todos os que nos apoiam”, acrescentou. Ex-diretor do Greenpeace na França, ela trabalha no grupo há 20 anos e sua presença em Amsterdã é necessária. Da capital holandesa ele administra uma reorganização que esvaziará a sede central, para se concentrar em países onde possa combater a mudança climática. “Teremos escritórios em Washington, Taipé, Roma, Sydney, Hong Kong ou Copenhague, entre outras, mas levou mais tempo de que eu pensava para pôr isso em prática. De uma organização assentada na Holanda, passaremos a ser uma rede global. Nosso pessoal trabalhará de outra forma, e eu pegarei esta semana meu último voo. Depois, usarei a ferrovia. A sacudida das críticas, que foram muitas, serviu de incentivo para acelerar as mudanças”, disse.
Só na Holanda, o grupo perdeu 675 doadores (o total geral já chega a 454.000) irritados por seus deslocamentos. De qualquer forma, humilhado como está, Husting acredita que seu caso não compromete os valores da organização. “Não nos vendemos a nada nem a ninguém”, ressaltou.
Egbert Tellegen, catedrático emérito de meio ambiente e muito ativo hoje noMilieu Defensie, o ramo holandês da ONG Amigos da Terra, tem suas dúvidas. “O caso do mau investimento financeiro é um grande erro, mas não necessariamente um sintoma de que algo vá mal na organização. O empregado não obteve lucro e foi despedido. Já o caso dos aviões mostra a falta de atitude crítica ante esse tipo de contaminação. Mas o Greenpeace não é o único. Há cientistas muito comprometidos que não fazem nada mais do que voar para denunciar como se destrói o ambiente. Falta modéstia no mundo do meio ambiente, seja em universidades, Governos ou grupos ecologistas”, assinala.
Por sua vez, Jan Paul van Soest, assessor em matéria de sustentabilidade para os setores público e privado na Holanda, teme, sim, que o dinheiro perdido seja um sintoma de descontrole na administração. “As pessoas podem pensar que o Greenpeace perdeu o norte, quando a transferência de cifras nada tem a ver com seus objetivos”, diz. “Pode-se ser uma empresa de âmbito internacional com uma missão social, mas é preciso saber administrá-la. A exigência de transparência aumentou para qualquer organização, e eles não podem ficar atrás. O público quer que seu dinheiro seja gasto de forma adequada, e descentralizar é um exercício que deve ser bem feito”, assinala. Segundo a revista alemã Der Spiegel, que levantou o caso, o funcionário em questão comprou em 2013 divisas no valor de 36 milhões de euros (108 milhões de reais). Em 2014, comprou mais divisas – no valor de 23 milhões de euros (69 milhões de reais) –, sempre através da Monex Europe, uma entidade financeira com sede no Reino Unido e subsidiária da Holding Monex (México). O Greenpeace já tinha constatado em 2013 que a operação era um erro, mas não disse nada. A revista aponta que os ecologistas esperavam ter antes em mãos os resultados da auditoria encomendada à americana KPMG. As perdas, claro, aparecerão no relatório anual, previsto para julho.
O ativista sul-africano de direitos humanos Kumi Naidoo, atual diretor-executivo internacional do Greenpeace, é o motor do novo enfoque. Convencido de que as grandes ameaças ao meio ambiente estão nos países do Hemisfério Sul, ele incentiva a transferência de seu pessoal para onde haja desmatamento, oceanos em perigo, baleias caçadas, energia nuclear ou ecossistemas exaustos. Uma ambiciosa tarefa que não pode se enfraquecer no cofre. Quando o Artic Sunrise, um de seus navios, foi retido em setembro passado com seus 30 tripulantes no Ártico russo, seu destino mobilizou a opinião pública internacional. Até os mais críticos em relação aos métodos dos ativistas consideraram excessivo o zelo de Moscou ao acusá-los de pirataria por denunciar as prospecções feitas pela Gazprom na zona. Agora, por outro lado, as profusas desculpas que aparecem em todos os sites da organização na internet não dissipam o temor dos peritos consultados de que os problemas do departamento de finanças sejam estruturais.
“Vemos as ONGs, especialmente as mais conhecidas – Greenpeace, Anistia Internacional ou Human Rights Watch –, como a consciência coletiva da sociedade. Não notamos que elas se transformaram – eram grupos de pressão de fora do sistema, mas passaram a fazer parte dele. Já são organizações profissionais, e esperamos que administrem com eficácia seu dinheiro, que é nosso”, aponta um membro do Instituto de Relações Internacionais Clingendael, com sede em Haia. Apesar de não terem voto nasNações Unidas, por exemplo, sua voz, influência e conhecimentos, às vezes superiores aos dos próprios Governos, “deram-lhes poder, visibilidade e uma reputação que devem ganhar diariamente”, acrescenta.
Dito de outro modo, o Greenpeace já é adulto e seu desejo de melhorar o mundo não é incompatível com os controles de qualidade que ele exige dos outros. “Em um cenário onde os Estados só podem trabalhar em colaboração com outros atores internacionais, entre eles as ONGs, não se pode colocar o dedo no olho sem pensar que se está também na mira do público”, conclui o integrante do Clingendael.

Reportagem de Isabel Ferrer
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/28/internacional/1403975062_645966.html
foto:http://simpsonstappedout.wikia.com/wiki/Greenpeace_Boat

26/06/2014

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Dez agressões que marcaram a história das Copas

A Fifa anunciou nesta quinta-feira, a punição do atacante uruguaio Luiz Suárez pelo ataque ao zagueiro italiano Giorgio Chielini durante a partida entre Itália e Uruguai pelo grupo D da Copa do Mundo.



Pela mordida dada em Chielini, Suárez ficará suspenso por 9 jogos oficias do Uruguai e não poderá participar de nenhuma atividade futebolística nos próximos 4 meses.
Luiz Suárez, autor dos dois gols do Uruguai na vitória de 2 a 1 sobre a Inglaterra, e considerado o jogador mais importante da celeste, agora desfalca a seleção de seu país no momento em que o time se prepara para enfrentar a Colômbia em jogo decisivo pelas oitavas-de-final.
Ele já tinha cometido a mesma agressão anteriormente, em clássicos pelas ligas locais de Holanda e Inglaterra.
Relembre outras 10 agressões famosas em Copas do Mundo:

A 'agressão' de Garrincha (1962)

Bastante tranquilo e às vezes até considerado displicente dentro de campo, Mané Garrincha suportou, como sempre, as duras faltas que sofreu durante toda a semifinal da Copa do Mundo de 1962 diante do Chile, em Santiago. Com a lesão de Pelé, ele havia se tornado o protagonista daquele time, marcando inclusive dois gols na vitória por 4 a 2 que levaria o Brasil à final.
Mas com o jogo já decidido, aos 37' do segundo tempo, Garrincha resolveu provocar o zagueiro chileno Eladio Rojas, tocando as nádegas do rival numa brincadeira quase inocente. O problema é que o assistente - naquela época chamado simplesmente de bandeirinha - viu o pequeno pontapé e contou para o árbitro, que expulsou Mané. No julgamento da Fifa, quando o jogador podia ficar fora da final, o Brasil agiu nos bastidores e o craque acabou absolvido.

A Batalha de Santiago (1962)

Era para ser só um jogo de primeira fase de Copa do Mundo entre os donos da casa e a bicampeã Itália. Mas acabou como uma batalha campal diante de quase 70 mil pessoas. Tudo começou com dois jornalistas italianos criticando o país que sofreu para organizar a Copa em meio ao terremoto de Valdivia, em 1960, um dos maiores da história, o que acirrou os ânimos entre as equipes.
No fim das contas, o jogo marcado por uma incrível sequência de socos, pontapés e ríspidas discussões terminou 2 a 0 para o Chile, com dois jogadores expulsos pelo lado italiano e um nariz quebrado, também entre os europeus. Além da arbitragem, quem teve trabalho foi a polícia, que precisou conter os jogadores várias vezes no gramado.

A cotovelada de Pelé (1970)

"Não é aquele negócio de dar, tem de saber fazer", afirma o zagueiro Piazza no filme Pelé Eterno em relação ao lance em que o atacante brasileiro solta uma forte cotovelada no uruguaio Dagoberto Fontes.
A irritação de Pelé teria começado ao sofrer um pisão de Fontes já fora do lance. Segundo relato de parceiros de time, ele marcou o número da camisa de Fontes até o momento mais propício. E, numa arrancada pelo lado esquerdo do ataque, soltou o cotovelo no adversário de modo em que ainda forçou uma situação para não ser flagrado pelo árbitro. Dito e feito, foi marcada falta para o Brasil.

Schumacher arranca dentes de Battiston (1982)

Semifinal da Copa de 1982, a França busca o ataque num lançamento de Platini para Battiston. E o ataque para por aí. O francês, que entrara dez minutos antes, foi atingido em cheio pelo goleiro alemão Schumacher numa das cenas mais impactantes da história das Copas. A vítima acabou perdendo três dentes e caindo de forma assustadora. Platini, depois, chegou a dizer que imaginou que o colega estava morto.
O árbitro holandês Charles Corver não assinalou falta, Schumacher seguiu em campo, e a Alemanha foi para a final após disputa por pênaltis. Anos depois, o goleiro alemão pediu desculpas ao francês, que aceitou e acabou com qualquer polêmica entre ambos.

O samba irritou Maradona (1982)

Na segunda fase da Copa do Mundo de 1982, a seleção brasileira enfrentou a Argentina no Estádio do Sarriá, em Barcelona, e confirmou a boa fase ao abrir três gols de vantagem com Zico, Serginho e Junior - esse último ficou eternizado pela comemoração do brasileiro, que sambou na linha de fundo.
Na segunda etapa, a talentosa equipe brasileira trocava passes e levava a torcida ao delírio na Espanha. Mas o camisa 10 rival, um então jovem Diego Maradona, perdeu a cabeça numa bola dividida no meio campo e chutou, com a sola do pé, o brasileiro Batista, num lance violentíssimo. Maradona foi expulso, e o Brasil seria eliminado dias depois.

Gentile caça os craques em Barcelona (1982)

Contra a Argentina, o italiano Claudio Gentile levou o cartão amarelo com apenas um minuto de jogo; diante do Brasil, 13 minutos foram necessários para o italiano receber a mesma punição do árbitro. Os alvos? Principalmente Maradona e Zico, criativos meias dos elencos sul-americanos.
Essa postura, de incansável marcador que não poupava as entradas faltosas, rendeu a fama de Gentile naquela segunda fase de Copa do Mundo, quando a presença do italiano colado nos principais jogadores rivais é facilmente notada em qualquer vídeo de melhores momentos daquele Mundial.
No fatídico duelo contra o Brasil, um lance famoso tem Zico mostrando a camisa rasgada por Gentile dentro da área, nada que a arbitragem interpretasse como pênalti. No fim, eliminação brasileira com vitória italiana por 3 a 2.

O cotovelo de Leonardo (1994)

O Brasil, que chegou à Copa do Mundo sob desconfiança, encontrou os Estados Unidos nas oitavas de final num jogo especial para os então donos da casa, o 4 de julho, dia da independência norte-americana. E aquela partida acabou se tornando uma das mais complicadas do caminho até o título.
Isso porque no final do primeiro tempo o lateral Leonardo deu uma cotovelada no rival Tab Ramos, que acabou substituído. O Brasil sofreu, venceu por 1 a 0 debaixo de muito sol em San Francisco - o jogo começou às 12h30 - e Leonardo acabou suspenso por toda a Copa, abrindo caminho para Branco assumir a posição e ser protagonista do jogo seguinte, contra a Holanda.

Festa dos cartões na Alemanha (2006)

A seleção de Portugal passou pela Holanda nas quartas de final da Copa de 2006 em vitória por 1 a 0, gol de Maniche, mas poucos torcedores lembram de lances do jogo que não sejam aqueles que protagonizaram o maior número de cartões da história das Copas.
Em 90 minutos, 16 jogadores viram o cartão amarelo, sendo que quatro deles, dois de cada lado, tiveram a "honra" por duas vezes e acabaram expulsos. O curioso é que o jogo só teve 25 faltas, o que mostra bem a intensidade das entradas distribuídas por ambos os elencos.

Outra cabeçada de Zidane (2006)

Oito anos depois de decidir uma final de Copa do Mundo com dois gols de cabeça sobre o Brasil, o francês Zinedine Zidane, já na condição de craque consagrado mundialmente, usou a cabeça de outra forma numa decisão, esta a de 2006 contra a Itália.
Já no segundo tempo da prorrogação, com o jogo empatado por 1 a 1, Zidane se irritou com uma provocação de Materazzi e deu uma cabeçada no peito do zagueiro rival. Expulso, ele revelou depois que o italiano havia insultado a família do francês. Sem Zidane, a França perdeu nos pênaltis e a Itália foi tetracampeã do mundo.

A voadora de De Jong (2010)

A Espanha foi campeã mundial em 2010 vencendo a Holanda na prorrogação. Mas a tarefa podia ter sido facilitada caso o árbitro Howard Webb mostrasse o cartão vermelho para De Jong.
O volante holandês errou completamente o tempo de bola e não segurou a perna para dar uma voadora no peito de Xabi Alonso. O lance, apesar de visualmente muito forte, rendeu apenas um cartão amarelo.
"Foi um verdadeiro chute de kung fu", disse o espanhol à BBC dias depois.



Reportagem de Paulo Silva Júnior
fonte:http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/06/26/dez-agressoes-que-marcaram-a-historia-das-copas.htm
foto:http://esportes.terra.com.br/luis-suarez/,d5b51eaab93d6410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

A OMS exige “medidas drásticas” para combater o ebola


A epidemia do vírus ebola que afeta Guiné, Serra Leoa e Libéria avança com grande velocidade. Do dia 16 de junho até ontem, o total de casos nesses três países da África Ocidental cresceu 20%, passando de 528 para 635, enquanto o de mortos subiu 8,9% (passou de 337 para 367). Essa elevação na incidência da doença, detectada pela primeira vez na região em março, levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a temer que o vírus “se internacionalize ainda mais”, segundo um comunicado. O perigo é evidente: da Guiné, o vírus já passou para dois países vizinhos, e, nessa região densamente povoada, com grande mobilidade e onde as famílias e etnias estão divididas entre vários Estados, a epidemia “está fora de controle”, afirma a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
A OMS determinou que a próxima reunião sobre a doença, com a participação de autoridades locais, doadores e agentes com atuação na região, acontecerá em Acra, capital da vizinha Gana, nos dias 2 e 3 de julho, um sinal de preocupação com ao avanço do vírus através de novas fronteiras.
“O alarme pelo surto do vírus ebola é um desafio para os três países afetados”, disse a OMS em nota à imprensa, defendendo “medidas drásticas” para frear a expansão da doença.
Não é só a agência sanitária da ONU que manifesta preocupação. A MSF – que trabalha ativamente na região junto com equipes locais, da OMS, do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC) e do seu equivalente americano, o CDC (Centro para o Controle de Doenças) – faz um diagnóstico ainda pior. Bart Janssens, diretor de operações da ONG, é taxativo: “Com a contínua aparição de novos focos na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria, há um risco real de que ela continue se expandindo”, disse.
O problema é que é difícil transformar essa necessidade de providências em ações práticas. O vírus ebola não tem tratamento nem vacina. O melhor que se pode fazer é identificar os afetados o mais rapidamente possível, isolá-los, tratar os seus sintomas e fazer um rigoroso acompanhamento das pessoas que estiveram em contato com os pacientes. E isso que se tem feito até agora. “A sociedade civil e as autoridades políticas e religiosas estão fracassando em assumir a escala da epidemia, com poucas figuras relevantes lançando mensagens que promovam a luta contra a doença”, disse Janssens.
Esse é o primeiro passo para tentar controlar a propagação do vírus, mas ele enfrenta vários inconvenientes. Para começar, os primeiros sintomas da infecção – febre, dor muscular, de cabeça, fraqueza e irritação na garganta – são inespecíficos. O mesmo pode acontecer com uma gripe, outra doença viral (a princípio, vários falsos positivos de ebola foram atribuídos a pessoas com uma enfermidade chamada febre de Lassa), ou a malária, por exemplo. Por isso os pacientes demoram a procurar os hospitais.
Além disso, até agora os surtos de ebola ocorriam na África Central (República Democrática do Congo e Uganda, sobretudo), razão pela qual a população não sabe o que enfrenta. E quem tem essa noção muitas vezes evita comparecer a um posto de saúde por medo do estigma associado à doença, algo que já começa a impregnar as zonas afetadas, segundo alerta a MSF.
A ONG destaca outro aspecto: “O desconhecimento sobre como se transmite a doença tem feito com que as pessoas continuem comparecendo a funerais [de possíveis vítimas fatais] em áreas onde não há medidas de controle”. Isso facilita o contato com os cadáveres, que são uma fonte de contágio – razão pela qual a medida recomendada nesses casos é a cremação, mas isso se choca com as tradições locais.
Diante dessa situação, a única medida possível é reforçar as equipes deslocadas para a zona e tentar detectar e isolar os pacientes o mais rapidamente possível. O ebola é diagnosticado por um exame de sangue que busca o material genético do vírus nas pessoas. Os sintomas mais chamativos (as famosas hemorragias internas e externas) só aparecem no final do processo.
A OMS anunciou o envio de 150 profissionais adicionais à região. A MSF, que tem 300 pessoas já mobilizadas na zona, afirma que seria preciso dispor de muitos profissionais de saúde a mais, principalmente médicos treinados para tratar esse tipo de enfermidade. É uma luta contra o relógio, naquela que já é a pior epidemia de ebola desde aquela que levou ao descobrimento do vírus, em 1976.

Reportagem de Emilio De Benito
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/26/sociedad/1403788441_227928.html
foto:http://www.lexpressguinee.com/fichiers/blog16-999.php?pseudo=rub2&code=calb4122&langue=fr