30/11/2015

Imagem do dia



Anote na agenda: Seminário Internacional Brasil/Argentina



Durante o Seminário, coordenado pelo Prof. Dr. Wilson Alves de Souza, no dia 3 de dezembro, acontecerá o lançamento do livro em Homenagem à Professora Dra. da Universidade de Buenos Aires, Marta Biagi. Vale ressaltar que o evento é gratuito, e tem finalidade social; o que se pede a todos é apenas algum alimento não perecível para doação.

Termina hoje, 30 de novembro, prazo para pagar tributos de domésticos; veja como fazer


Termina hoje o prazo para quem tem empregado em casa pagar os tributos do Simples Doméstico relativos ao mês de outubro. Se atrasar, a multa é de 0,33% ao dia.
O Simples Doméstico reúne, em uma única guia, o pagamento de encargos trabalhistas de empregados domésticos, como o FGTS e o INSS. Para isso, o patrão deve fazer o cadastro no site do eSocial:
http://zip.net/byqFn7 (endereço encurtado). Clique aqui  para ver o passo a passo do cadastro.
O prazo original para pagamento era 6 de novembro, mas foi adiado devido a falhas no sistema. 
Até as 17h de sexta-feira (27), 1.670.724 guias tinham sido emitidas, de acordo com a Receita. Ao todo, 1.500.586 empregados foram cadastrados, por 1.341.553 patrões. O número está dentro da previsão inicial da receita, de 1,5 milhão de empregados.

Onde posso pagar a guia?

Segundo a Receita, o pagamento da guia pode ser feito nos bancos conveniados (veja a lista completa aqui). O órgão afirma que os bancos dessa lista são obrigados a receber, mas que os canais de recebimento podem variar de banco para banco.
"Alguns podem disponibilizar todos os canais, como guichê de caixas, terminais de autoatendimento, internet, aplicativos para tablets e smartphones", afirma. "Outros bancos podem restringir o recebimento a um ou outro canal."
Não é possível fazer o pagamento em lotéricas.
Na Caixa Econômica Federal, por enquanto, o pagamento da guia pode ser feito apenas nas agências ou pela internet.
O Itaú afirma que aceita o pagamento da guia no guichê de caixa, caixa eletrônico e pela internet.
O Banco do Brasil, o Santander e o Bradesco informaram que aceitam o pagamento em todos os canais que disponibilizam. 

Posso imprimir a guia de novembro?

A guia para pagamento dos tributos relativos a novembro ainda não está acessível pelo sistema. Segundo a Receita Federal, isso vai acontecer nesta terça-feira (1º).
É preciso estar atento porque o prazo é curto. Como o pagamento deve ser feito até o dia 7 de dezembro, os patrões terão sete dias para emitir a guia e pagá-la. Se a opção for pagar nos guichês de agências bancárias, é preciso lembrar que serão apenas cinco dias úteis durante esse prazo.

Como pago os tributos sobre o 13º?

A primeira parcela do 13º salário do doméstico deve ser paga até esta segunda-feira (30). Veja como ele é calculado clicando aqui.
De acordo com a Receita, sobre a primeira parcela incide o FGTS, de 8%. Ele estará constando e será pago na guia de novembro.
A segunda parcela do 13º deve ser paga até 20 de dezembro. Sobre ela, incide o FGTS também.
Sobre o valor total, incide a contribuição do INSS e pode incidir o Imposto de Renda, se o salário for maior do que R$ 1.903,98. Esses tributos, de acordo com a Receita, estarão presentes na guia de dezembro, que deve ser paga até 7 de janeiro de 2016.

Como pago os tributos sobre a demissão?

Segundo a Receita, a partir de dezembro também estará disponível no eSocial a função para pagamento de tributos relativos a demissões, para empregados que forem desligados a partir de 1º de dezembro.
Para os desligamentos que acontecerem entre outubro e novembro deste ano, o patrão deverá acessar o site do FGTS e gerar a GRRF (Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS).
Essa guia é utilizada para o pagamento do FGTS relativo à multa rescisória, aviso prévio indenizado, depósitos do FGTS do mês da rescisão e do mês imediatamente anterior, caso ainda não tenham sido efetuados.
A Receita também alerta que o valor do FGTS pago pela GRRF deve ser excluído da guia do Simples Doméstico. Se o FGTS for pago indevidamente pela GRRF, o patrão deve fazer o pedido de devolução em qualquer agência da Caixa.

O que fazer se a guia estiver errada?

A Receita afirma que, caso o patrão constate algum erro de informação ou de cálculo na guia de pagamento, a orientação é reabrir a folha de pagamento no sistema, corrigir os valores e encerrá-la novamente, para só então emitir a nova guia.

A Receita calculou errado, o que faço?

Houve erro de cálculo na guia de pagamento do INSS de outubro para alguns contribuintes. Se esse for o seu caso e não tiver pago o valor ainda, a Receita orienta a reabrir a folha de pagamento e reemitir a guia. Apenas reemitir a guia não vai corrigir o problema, é preciso reabrir a folha no sistema antes.
Se você já pagou a guia que estava com o erro, a Receita Federal diz que identificou esses casos e vai restituir o valor diretamente na conta corrente, depois de processar todos os pagamentos realizados até esta segunda-feira (30).
Para outras respostas sobre o Simples Doméstico, clique aqui.

fonte:http://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2015/11/30/termina-hoje-prazo-para-pagar-tributos-de-domesticos-veja-como-fazer.htm
foto:http://meninadenegocios.com/2015/04/16/quanto-custa-ter-uma-empregada-domestica/

Mudança climática: 12 pontos-chave para a cúpula de Paris


Os representantes de 195 países, a maioria dos Estados do mundo, reúnem-se na Cúpula do Clima de Paris, entre hoje, 30 de novembro, e 11 de dezembro. Neste encontro, tratarão de fechar o primeiro acordo global para tentar frear a mudança climática.

O que é a mudança climática?

Os chamados gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2), acumulam-se na atmosfera e impedem que as radiações infravermelhas que o planeta emite para se esquentar saíam para o espaço. Isso faz com que a temperatura do planeta suba. Esses gases sempre estiveram presentes na atmosfera. O problema, segundo o consenso (quase absoluto) dos cientistas, é que as atividades humanas contribuíram para romper o equilíbrio que existia. A indústria, o transporte e os usos do solo aumentaram a concentração desses gases. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a concentração de CO2 na atmosfera chegou, em 2014, a 397,7 partes por milhão (ppm). Antes da Revolução Industrial, era de 279 ppm.

Quais as consequências da mudança climática?

Os cientistas do grupo IPCC da ONU mostraram que, se o ser humano continuar com o ritmo de emissão de gases sem tomar medidas para reduzir as consequências, a temperatura média global subirá de 3,7 a 4,8 graus em 2100, em relação ao nível pré-industrial. Além do aumento da temperatura e do nível do mar, os cientistas sustentam que também afetará os fenômenos climáticos extremos, como inundações, secas e ciclones. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA analisou 28 fenômenos extremos registrados no planeta em 2014. E concluiu que em 14 casos a mudança climática fez com que eles fossem mais prováveis ou mais fortes.

Pode ser revertida?

Os cientistas do IPCC alertam que já existe uma mudança climática comprometida pelos gases do efeito estufa que o homem emitiu, principalmente, desde a década de setenta do século passado. Por isso, não dá para impedir que a temperatura média global aumente. A opção que existe é limitar esse aumento para dois graus em 2100, em relação aos níveis pré-industriais, para evitar grandes desastres naturais.

O que é a COP21 de Paris?

A vigésima primeira Conferência das Partes (COP21) é a cúpula em que se sentam os 195 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Nesse tratado internacional, de 1992, foi reconhecida a importância do aquecimento global. Mas esse texto tem que se desenvolver com medidas concretas.

O que é o Protocolo de Kioto?

Protocolo de Kioto, de 1997, fixa as metas concretas de redução de gases que os países desenvolvidos têm que atingir. No entanto, ele foi legalmente vinculado a apenas 37 Estados, dos quais 28 pertencem à União Europeia, e que representam 12% das emissões globais. As principais potências emissoras de gases ficaram fora: China, por não estar no grupo de países desenvolvidos, e os EUA, que não ratificou o protocolo. Kioto entrou em vigor em 2005, e em dez anos de aplicação, conseguiu uma redução de 22% das emissões nos 37 países signatários, muito acima dos 5% fixados como meta. Mas, por não afetar as principais potências, as emissões globais continuaram crescendo. Entre 2000 e 2010, por exemplo, subiram 24%.

O que será discutido em Paris?

Um protocolo para substituir o de Kioto e que começaria a ser aplicado a partir de 2020. Neste caso, a intenção é que os 195 signatários realizem políticas de mitigação, ou seja, reduzam as emissões de gases. Além disso, espera-se que seja fixado como objetivo que, ao final do século, a temperatura global não supere os dois graus, embora Estados mais expostos (como os insulares) queiram baixar essa meta para 1,5 graus.

Qual a fórmula escolhida?

O tratado não vai impor metas individuais de redução de CO2. Para tentar não repetir Kioto, com um alcance muito limitado, optou-se por outra fórmula: cada país, voluntariamente, apresentará compromissos de redução de emissões, tanto os desenvolvidos quanto os que não são. A alguns dias do começo da cúpula, mais de 170 já fizeram isso. Entre eles, estão todas as principais potências econômicas do mundo.

Esses esforços são suficientes?

Não. Segundo as estimativas realizadas pela ONU, extrapolando os compromissos voluntários (nos quais os Estados fixam metas para 2025 e 2030), a temperatura ao final do século subirá pelo menos 2,7 graus, embora outras organizações e instituições falem de até quatro graus. De fato, a previsão é de que até 2030 as emissões continuem crescendo, ainda que em um ritmo menor que nas últimas décadas. Algumas potências, como a União Europeia e a China, propõem como solução que esses compromissos individuais sejam revisados a cada cinco anos, para se aproximarem da meta de dois graus.

O protocolo de Paris será legalmente vinculante?

Esse pode ser um dos pontos mais complicados da cúpula de Paris. A União Europeia aposta em um protocolo com seções vinculantes. Por exemplo, que sejam assim os compromissos de redução de emissões que cada país apresentou voluntariamente. No entanto, a administração de Barack Obama pode enfrentar problemas, como aconteceu com Kioto, para fazer o Congresso e o Senado ratificarem um protocolo legalmente vinculante. A União Europeia já desistiu que sejam incluídas sanções, porque considera que isso pode dissuadir alguns países a assinarem o acordo.

O que é a adaptação?

Além da mitigação, a cúpula também discutirá políticas de adaptação, ou seja, medidas para que os países mais vulneráveis se preparem para a mudança climática. Para isso, está prevista a criação do chamado Fundo Verde para o Clima, que a partir de 2020 contará com 100 bilhões de dólares anuais. Quem deve fornecer o dinheiro? Essa pode ser outra das dificuldades em Paris. Em teoria, apenas os países considerados desenvolvidos. Mas potências como a China ficariam fora dessa categoria.

Haverá acordo?

É complicado aventurar-se nessa resposta. Em 2009, com a Cúpula de Copenhague, expectativas parecidas com as de Paris foram levantadas e o resultado foi um fracasso. Desta vez, além de os sinais da mudança climática terem se acentuado, parece haver uma implicação maior das principais potências, do G20 em geral, e da China, EUA e Alemanha em particular. Os líderes desses três países colocaram a mudança climática na sua agenda durante o último ano.

E se não houver acordo?

Se não houver, ou se o acordo for pouco ambicioso, não significa que a luta contra a mudança climática terá terminado. Muitos dos compromissos voluntários de redução de emissões já estão contemplados na legislação nacional de cada país. Seria o caso, por exemplo, da União Europeia, que se fixou metas concretas para 2030, independente da cúpula. Se não houver acordo, talvez o pior prejuízo seja para a ONU e para a ideia de que um problema global, como a mudança climática, pode ter uma resposta também global.

Reportagem de Manuel Planelles
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/23/internacional/1448279779_808577.html
foto:http://www.abcdoabc.com.br/brasil-mundo/noticia/cupula-clima-paris-tem-inicio-antecipado-1-dia-34147

5 plantas que a Nasa recomenda para purificar o ar da sua casa

Além de deixarem o ambiente de qualquer casa mais alegre, as plantas são ideias para filtrar o ar do local. Mas nem todas cumprem essa tarefa com a mesma eficácia.
Em 1989, a Nasa fez um estudo para determinar quais as mais indicadas para cumprir essa missão em um ambiente fechado. A pesquisa levou em consideração vários poluentes do ar, além das características das plantas e da facilidade de se obtê-las.
Os poluentes mais comuns e que as plantas se encarregam de filtrar são: benzeno, xileno, amoníaco, tricloroetileno e formaleído.
A BBC Mundo entrou em contato o autor do estudo, Bill Wolverton, que hoje dirige a ONG Wolverton Environmental Services, para ver se as recomendações da época continuam valendo.
Ele resumiu a lista e recomendou as cinco melhores plantas para limpar o ar de um casa. E também sugeriu “ter variedade, já que algumas são melhores que outras para eliminar substâncias químicas específicas do ar”.
Essa é a seleção feita por Wolverton:

Jibóia (Epipremnum aureum)



Um planta folhosa bem popular e fácil de ser obtida. É muito resistente e não requer grandes cuidados. Por isso é bastante utilizada em escritórios, comércio e outros locais públicos. Se adapta facilmente a temperaturas entre 17ºC e 30ºC, e só é preciso regá-la quando a terra estiver seca. É eficaz na absorção de formaleído, xileno e benzeno.

Lírio da paz (Spathiphyllum)



É uma planta que sobrevive com pouca luz e pouca água. Ela cresce em temperaturas superiroes a 18ºC e é bastante longeva. Se recomenda que ela seja mantida longe de correntes de ar. Ela absorve os cinco contaminantes de ar analisados pela Nasa.

Palmeira-dama (Raphis excels)



Também conhecida como palmeira-ráfis, ela é originária da Ásia e pode chegar a até 3 metros de altura. Seu cultivo é melhor em áreas com temperaturas medianas e sem luz direta. De acordo com a agência especial Americana, ela se encarrega de eliminar do ar o formaleído, xileno e amoníaco.

Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata)




De origem africana, é bastante utilizada na decoração de interiores, até por ter a vantage de sobreviver bem em condições desfavoráveis. Pode aguentar temperaturas bem altas (até 40ºC) e bem baixas (-5ºC), se esses extremos ocorrerem de maneira esporádica. É boa para eliminar benzeno, xileno, formaleído e também o toluene e o tricloroetileno.

Árvore-da-borracha (Ficus elastica)



É muito resistente e, como tem um alto índice de transpiração, ajuda a manter a umidade do ar. Em poucos anos, ela pode crescer muito rápido. É eficiente na eliminação do benzeno, xileno e toluene e também age contra o formaleído e o tricloroetileno.

fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_plantas_poluicao_mdb#orb-banner

Devastada pelo fogo, mata da Chapada Diamantina só se recuperará 'daqui 15 anos'

Enquanto Minas Gerais e Espírito Santo lidam com os impactos do rompimento da barragem de Mariana, a vizinha Bahia enfrenta outra tragédia ambiental: as consequências de uma das piores séries de incêndios já registradas na Chapada Diamantina, um dos símbolos do Estado e onde nascem alguns dos principais rios que abastecem a população baiana.
Depois de um mês de chamas, as chuvas que começaram a cair na última quarta-feira finalmente acabaram com o fogo, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia. Nesta sexta, não eram mais verificados focos de incêndio, afirmou à BBC Brasil o secretário Eugênio Spengler.
Não se trata, porém, de um desastre que chega ao fim com o apagar da última chama. Seus efeitos devem se prolongar por mais de uma década em um local onde caatinga, cerrado e mata atlântica se encontram.
"Se não passar fogo por ali (de novo), em 15 anos é que algumas áreas começarão a se recuperar", diz o geógrafo Rogério Mucugê, coordenador de projetos da ONG Conservação Internacional na região, onde vive desde a década de 1990.
Segundo ele, esse é o prazo para que a mata ciliar, a área de floresta que protege os rios, esboce uma reação – os campos de cerrado se recuperam mais rápido. Em razão da diversidade, algumas espécies da fauna e da flora só existem ali.
Uma equipe da ONG, que estava na chapada para gravar um vídeo sobre um projeto ambiental que realiza na bacia do rio Paraguaçu, registrou o combate e o impacto dos incêndios, inclusive nos arredores de um dos símbolos da região, o Morro do Pai Inácio. 
Equipes estaduais estão fazendo um levantamento dos efeitos do fogo na fauna e da flora, trabalho que irá determinar o montante a ser investido na restauração florestal, afirma o secretário Spengler. Segundo ele, a área será prioridade na alocação de recursos da pasta.
Além das consequências imediatas nas espécies locais, um incêndio dessa proporção afeta também a quantidade e qualidade da água que chega a boa parte dos baianos, e logo em tempos de seca mais severa por causa do fenômeno climático El Niño, explica o geógrafo Mucugê – homônimo, aliás, da cidade baiana onde vive.
O rio Paraguaçu, cuja nascente fica ali, abastece 85 municípios, incluindo 60% da região metropolitana de Salvador.
A chuva que caiu nesses últimos dias está longe de ser a esperada para o mês de novembro na área da chapada, tida como a "caixa d'água da Bahia", conta.
Segundo o coordenador de projetos da ONG, a tendência é que o quadro de seca – e, consequentemente, de incêndios – piore. Ele critica a falta de um planejamento territorial integrado para a chapada.
"A cada ano que passa a região está mais seca e, caso não haja planejamento, a tendência é a de que esses efeitos sejam piores", conta Mucugê.
"Existe a diferença entre apagar fogo e combater incêndio. Eu digo que, localmente, a gente apaga fogo. A gente elimina um foco, mas outros surgem. Territorialmente, falando-se de Chapada Diamantina, a gente ainda apaga fogo, é como enxugar gelo", diz ele.
O secretário estadual do Meio Ambiente afirma concordar que ainda há muito a ser feito e que, se não fosse a ajuda da comunidade, o cenário poderia ter sido ainda pior, como ocorreu em 2008, quando 40% dos 152 mil hectares do Parque Nacional da Chapada Diamantina foram atingidos pelo fogo.
Cerca de 210 pessoas, incluindo bombeiros do Estado, Defesa Civil Nacional, integrantes das Forças Armadas e brigadistas voluntários atuavam até esta sexta no local, segundo o governo. Spengler diz que o monitoramento continuará. "Não desmobilizaremos a equipe até o fim de dezembro."
Embora lembre o número de pessoas envolvidas – "essa foi a maior operação (do tipo) já registrada pelo governo da Bahia" –, e aponte uma evolução no trabalho, citando o aumento no numero de brigadas voluntárias na região – de 1 ou 2 existentes no incêndio de 2008 para as cerca de 24 atuais –, o secretário reconhece que ainda não é o suficiente.
O ideal, diz, é ter uma brigada para cada um dos 42 municípios da chapada. E investir em estrutura, equipamentos, treinamento, educação ambiental, estrutura de comunicação com rádio e outros.
"Os incêndios são o maior problema ambiental que se tem na Bahia. E não só na chapada. Se queima muito em outras áreas no semiárido e do cerrado", diz.
Além de todo o desastre ambiental, combater um incêndio dessas proporções sai caro. O governo da Bahia fala em um total de R$ 9 milhões gastos.
A Polícia Civil baiana investiga a possibilidade de que alguns incêndios tenham sido criminosos. Segundo o secretário do Meio Ambiente, há algumas "coincidências" sendo apuradas, como a ocorrência de vários focos em uma mesma área, às margens da BR-242, e quase sempre no mesmo horário, no fim de tarde.
"Será que as peças quentes dos carros só caem nesse trecho?", questiona Spengler.

Reportagem de Adriano Brito
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_incendio_chapada_ab_mdb#orb-banner
foto:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_incendio_chapada_ab_mdb

28/11/2015

Imagem do dia



Taxa extra na conta de luz será mantida em dezembro


A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira, 27, que a bandeira tarifária válida para o mês de dezembro continuará sendo de cor vermelha. A bandeira vermelha implica em um acréscimo de R$ 4,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia consumidos em todos os Estados do País, exceto Amapá e Roraima, que ainda não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O consumidor está pagando mais caro pela energia desde o início do ano. A bandeira vermelha representa a existência de condições mais adversas para a geração elétrica no País. Há ainda a bandeira amarela, quando a cobrança adicional é de R$ 2,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, e a verde, sem custo adicional para o consumidor. Desde janeiro, contudo, foi mantida a cor vermelha.
O sistema de bandeiras tarifárias, implementado com o intuito de alertar o consumidor a respeito do custo corrente de geração, além de dividir com ele esse custo, já passou por duas correções de valores desde janeiro, quando foi implementado. O valor adicional cobrado na bandeira vermelha foi estabelecido inicialmente em R$ 3 para cada 100 kWh. A partir de março, três meses depois do início da cobrança, o preço foi elevado para R$ 5,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos com bandeira vermelha. Em setembro, o valor implícito na bandeira vermelha caiu para R$ 4,50 por cada 100 kWh consumidos. 


Reportagem de André Magnabosco
fonte:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bandeira-vermelha-na-conta-de-luz-sera-mantida-em-dezembro,1803261
foto:http://www.folhadeparnaiba.com.br/2015/06/gasolina-deve-subir-91-e-energia-41.html

'Já vi muitas epidemias, mas nada assim', diz médica sobre microcefalia

A infectologista pediátrica pernambucana Maria Angela Rocha, de 67 anos, acompanhou desde o início a epidemia de microcefalia que agora assusta o país. Ela é coordenadora do setor do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), em Recife, que tem concentrado a maior parte do atendimento aos bebês com a má-formação no Estado.
Pernambuco, que já tem quase 500 casos notificados neste ano, foi o primeiro Estado a avisar oficialmente o Ministério da Saúde sobre o problema, que tem sido associado ao zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, responsável também pela dengue. No Brasil, já são mais de 700 casos notificados em 160 municípios de nove Estados, especialmente da região Nordeste.
Confira o depoimento da médica à BBC Brasil:
"O serviço que coordeno é um serviço de referência em infecções congênitas. Para nós, tudo começou no finalzinho de agosto e começo de setembro. Nos últimos dias de agosto começaram a chegar três, quatro casos (de bebês com microcefalia) encaminhados por neurologistas. Antes, passávamos meses sem ver um caso. O Estado tinha uma média de nove casos por ano.
Ficávamos nos perguntando: 'o que será que está acontecendo?'. Mas quando, no final de setembro, começou a aumentar a procura, foi quase desesperador. Nos chocou, porque todo dia chegavam casos. Tomamos consciência de que a coisa tinha uma proporção que não estávamos esperando. No dia 27 de outubro, fizemos a notificação ao Estado e ao Ministério da Saúde.
Nosso ambulatório já estava lotado e agora está superlotado, porque em princípio temos que acolher todas as crianças. E como somos um serviço de referência, há muitas.
O Estado está descentralizando o atendimento também para três cidades no interior, mais distantes, que poderão seguir o protocolo que estamos seguindo e fazer os mesmos exames. Apesar das suspeitas (de associação com o zika vírus), temos que fazer uma investigação bem isenta.
Esses casos normalmente vêm para nós para sabermos qual o agente causador e acabam sendo acompanhados pelos neurologistas. Dos 487 casos notificados em Pernambuco, estamos avaliando cerca de 100 no momento. Nossa equipe toda está envolvida.
Quando os bebês nascem, os médicos que fazem o primeiro atendimento na maternidade medem perímetro encefálico (medida de contorno da cabeça da criança em sua parte maior), peso, comprimento, etc. E tudo isso fica marcado na carteirinha do bebê. Consideramos microcefalia o perímetro igual ou menor do que 33 cm. O normal para um bebê recém-nascido é entre 34 cm e 37 cm, a depender da idade gestacional (em que semana da gestação o bebê nasce).
Quando o pediatra alerta que a criança está com a cabeça menor do que esperada para a idade, ele encaminha para nós. Mas também há muita demanda espontânea. Mães que não tinham percebido problemas e, quando viram as comunicações do Estado, vieram nos procurar.
Isso porque inicialmente estas crianças estão passando bem, não ficam internadas. Elas estão mamando e ativas.
Crianças com cabeças no limite de 33 cm podem não ter lesões. Isso é a tomografia que vai definir. Geralmente, as que têm um perímetro abaixo de 32 cm têm.
Cicatrizes no cérebro
A primeira coisa que fazemos é conferir a cabeça da criança e conversar com a mãe, detalhar como foi o parto, se ela usou drogas lícitas ou ilícitas, medicamentos, se fumou, se teve alguma doença, etc. Em paralelo, pedimos a tomografia e os exames de sangue da criança. A partir daí avaliamos os resultados.
A tomografia é a 'foto' do que aconteceu com o cérebro. Quando ocorre um processo de infecção, que é o que suspeitamos – geralmente entre o primeiro e o quarto mês de gestação –, o agente causador da infecção provoca um processo inflamatório que deixa cicatrizes no cérebro do bebê, que são as calcificações.
É como se essas calcificações – que podem ser maiores ou menores e estar em vários lugares do órgão – prendessem o cérebro. Aquelas áreas estão mortas, calcificadas. O cérebro não consegue crescer bem, cresce desorganizadamente, e outros problemas em sua estrutura aparecem. Quanto mais calcificações, mais desorganizado é este crescimento.
Estamos vendo tomografias muito alteradas, com calcificações extensas. Mas pode haver áreas do cérebro mais afetadas que outras. Cada criança vai ter um tipo de comprometimento a depender de como seu cérebro foi atingido.
Por isso, a criança precisa ser acompanhada por um neurologista por toda a vida. As que têm sequelas mais importantes podem ter convulsões de difícil controle, precisam tomar medicações específicas.
De qualquer forma, elas terão algum grau de comprometimento, mesmo que seja menor. Também podem ter coisas graves, como não falar, não andar e ter todo o desenvolvimento psicomotor alterado.
O importante é a estimulação precoce. Na hora em que ela é diagnosticada, precisa ser acompanhada não só pelo neurologista, mas também ir para a fisioterapia, fonoaudiologia. Pode haver áreas do cérebro que não estão tão lesadas e, com estímulo, se consegue muita coisa.
Mas as famílias vão ter que lidar com isso a vida inteira, com maior ou menor intensidade.
Quanto menor for perímetro encefálico, já entendemos que mais lesões aconteceram, que o cérebro foi atingido precocemente e não conseguiu crescer.Temos muitas crianças com a cabeça bem pequena: 27 cm, 28 cm, 29 cm. Ainda não temos todos os exames, mas pela nossa observação, a maioria parece estar entre 28 cm e 30 cm.

'Geração prejudicada'

Assumi o serviço de infectologia (do HUOC) há mais de 20 anos. Já vi a pólio lá atrás, o cólera, o (vírus da gripe) H1N1, surtos de difteria e de sarampo. Mas não vi nada desse jeito e com essas consequências, é bem inusitado.
São sequelas importantes e nas quais não conseguimos interferir muito. Quando a gente vê a microcefalia, tenta estimular (a criança) e diminuir o processo, mas é diferente de um surto de sarampo, em que é possível bloquear com vacina, e do cólera, em que podíamos tratar o vibrião. Lógico que era difícil, pessoas morriam, mas tínhamos maneiras mais eficientes de conter.
Se realmente houver ligação com o vetor (mosquito que transmite a doença), a dificuldade de combater é muito grande, sem uma vacina específica. Isso me causa muita preocupação. Sabemos dificuldade que temos de combater vetor no Brasil. A dengue até hoje não conseguimos.
Agora, uma geração está prejudicada, com sequelas. É uma coisa muito séria. E a gente sabe dos problemas emocionais, sociais e econômicos que isso vai causar, da repercussão disso durante muito tempo e, para aquelas famílias, durante toda a vida da criança.
Para nós, que estamos ali no dia a dia, conviver com a angústia dessas famílias causa stress.
É muito difícil conversar e explicar para as mães – e temos mães com graus diferentes de entendimento, níveis educacionais diferentes. Mas no momento em que elas compreendem o problema, vemos o que isso causa.
Como as crianças, no início, estão ativas, algumas dizem: 'Mas a cabecinha dele vai crescer, depois ele fica normal'. Mas na hora em que o cérebro for solicitado para determinadas funções, ele vai ter limitações.
Temos que explicar que essa criança vai precisar de cuidados especiais, de voltar com frequência às consultas médicas.
Várias vezes me pego emocionada, especialmente pelas histórias que ouvimos. Alguns pais contam que tinham esperado bastante tempo para engravidar, para poder oferecer as melhores condições ao filho.
Independente do sexo da criança, toda mãe quer que o filho seja saudável. Tem mães que se apegam, dizem que agora é que vão gostar mais. E outras ficam chocadas no primeiro momento, não sabemos como vai ser a aceitação delas na hora em que as limitações da criança começarem a aparecer.
É difícil para mães de qualquer nível econômico. Algumas terão mais impacto financeiro, mas emocionalmente é ruim para todo mundo, independente do dinheiro.
Estava até dizendo (para colegas) que, sendo infectologistas pediátricas há muito tempo, a gente já viu muita coisa, mas de repente vem uma coisa dessas. A gente tem que esfriar a cabeça e ter o equilíbrio para se comunicar com essas pessoas, tentar transmitir tranquilidade, mas é ruim.
No primeiro momento, ficamos emocionalmente abaladas. Temos que respirar e sentar porque conviver com essa situação e partilhar dessa angústia das famílias não está sendo fácil."

Entenda o caso

Os casos suspeitos de microcefalia no Brasil passaram de cerca de 150 por ano para 739 em 2015 – até o dia 21 de novembro. De acordo com o Ministério da Saúde, há notificações (casos ainda não confirmados) em 160 municípios de nove Estados, principalmente no Nordeste. A maior parte delas está em Pernambuco.
Nas últimas semanas, o ministério declarou situação de emergência e recomendou cautela a mulheres que pretendem engravidar.
Segundo a infectologista Maria Angela Rocha, a microcefalia é uma má-formação não muito frequente, que pode ocorrer por alterações genéticas ou ser causada por infecções contraídas pela gestante entre o primeiro e o quarto mês de gravidez.
"O que estamos vendo aqui são casos em que os bebês foram formados corretamente, mas houve uma infecção no período de gravidez. As tomografias mostram características de processos infecciosos", afirmou.
A principal possibilidade investigada pelos pesquisadores brasileiros é a relação com a epidemia de zika, que ocorre no Brasil desde o início do ano, quando o vírus foi identificado na Bahia.
Também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o vírus provoca sintomas parecidos, mas mais brandos que a dengue: febre, dor de cabeça e no corpo, manchas avermelhadas.
Em alguns casos, segundo Rocha, as mães sequer apresentam queixas de sintomas durante a gestação, mas isso não impediria que a infecção prejudicasse o bebê, assim como a rubéola.
No entanto, a correlação entre microcefalia em fetos e o contágio das mães pelo zika vírus ainda não foi comprovada em nenhum lugar do mundo. Nesta semana, a Polinésia Francesa revelou que também teve casos de má-formação cerebral em fetos e recém-nascidos após a epidemia que atingiu o território entre 2013 e 2014.
"Um surto de microcefalia nessa proporção não é descrito em canto nenhum no mundo, independente do agente que causa", disse a infectologista.

Reportagem de Camilla Costa
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_depoimento_medica_microcefalia_cc#orb-banner
foto:http://www.jcnet.com.br/Geral/2015/05/epidemia-de-dengue-alerta-ao-risco-de-zika-virus-em-bauru.html

As mulheres indianas que revidam


“Que venham todos me estuprar se tiverem coragem”, desafia Archina Kumari, de 16 anos, diante dos rumores de que os irmãos de seu agressor, 10 anos mais velho do que ela, planejam se vingar quando este sair da prisão. “Eu os ensinarei o que sei fazer se atreverem-se a me tocar”, acrescenta gesticulando com seus finos antebraços pintados com hena. As mesmas delicadas mãos que esbofetearam seu assediador enquanto ele confessava seus seguidos ataques e pedia perdão frente à família e vizinhos somente três meses atrás. A humilhação pública foi usada como prova para denunciá-lo por crimes sexuais graças a um vídeo gravado por um pequeno grupo de adolescentes vítimas da violência machista na Índia. Sobreviventes é como elas preferem ser chamadas; a linguagem também é uma arma, dizem.
Apesar de sua pouca idade e das ameaças de morte recebidas, Archina diz não ter medo. Sabe que esse é o maior aliado do silêncio. “Minha irmã mais velha também sofria abusos de um parente quando ia em sua casa tomar banho porque nós não tínhamos água. Mas minha mãe nunca se queixou por medo dos possíveis comentários”. Nem um indício de inocência nas palavras de Archina: ela a perdeu em agosto quando seu vizinho aproveitou para agredi-la sexualmente enquanto dormia em sua varanda. Nessa casa no distrito periférico de Madiyav, Archina treina movimentos de defesa pessoal com outra dezena de meninas que formam o núcleo das Brigadas Vermelhas de Lucknow, a 700 quilômetros de Deli e capital do Estado indiano de Uttar Pradesh. O grupo já ensinou dezenas de milhares de indianas a responder fisicamente à violência exercida pelos homens.
“Esse lugar é inseguro para qualquer menina. Meus pais me aconselhavam a ficar em casa e não ir à escola para evitar problemas”, explica Afreen Khan, de 18 anos, retomando seu treinamento. Cotoveladas no rosto para recordar dos dois vizinhos que visitava diariamente para ter aulas particulares e que a obrigavam a sentar-se no colo para que pudessem colocar as mãos dentro de sua roupa – “Éramos castigadas de joelhos, eu e outras meninas, se nos negássemos”, recorda. Joelhadas na altura do ventre ao se lembrar do meio-irmão que ameaçava agredir sua mãe enquanto tirava sua roupa – “Minha mãe acreditava que eu não gostava dele e me batia se eu reclamasse”, acrescenta. Diante dela, Noor Khan, o único menino do grupo, recebe as investidas das meninas nas luvas de treinamento: “Prefiro receber os golpes agora para que minhas irmãs possam se defender amanhã”.
Alguns moradores se reúnem nas portas próximas para olhar as adolescentes praticarem. Crianças sujas e seminuas imitam os exercícios. Mulheres de sári observam entre murmúrios e sorrisos nervosos. Os homens trocam olhares desconfiados. “Muita gente do bairro não gosta da gente pelo que representamos. Minhas colegas de classe pensam que estou louca por falar de agressões sexuais. Mas estou convencida de que quase todas passaram por situações semelhantes e não contam por medo”, diz Afreen. Nada longe da realidade em um país no qual ocorreram 30 estupros por minuto na última década,segundo informações do The Times of India.
O alcance midiático do estupro coletivo e assassinato de uma estudante de Nova Deli em 2012 colocou em evidência a situação da mulher na Índia. Um drama nacional repetido com impressionante constância. Segundo os dados do Escritório Nacional de Registros Criminais, dos 133.000 casos de mulheres indianas vítimas de crimes sexuais em 2014, mais de 36.500 foram estupros – dos quais 10% ocorreram em Uttar Pradesh. O estado mais povoado da Índia é, consequentemente, um dos que acumulam mais crimes contra a mulher; cujo total chega à ultrajante cifra de 338.000 –, dos quais mais de 9.200 acabaram em morte. Números, todos eles, que na realidade são ainda maiores, de acordo com fontes do Centro Internacional para o Estudo da Mulher de Nova Deli.
Mas o patriarcado e a violência contra a mulher não são problemas endêmicos da Índia. Na Espanha, por exemplo, 51 mulheres morreram vítimas do machismo em 2014 (658 na última década), com uma população 26 vezes menor. A tragédia da mulher indiana se agrava por comportamentos e tradições arcaicas como o sistema de castas – em 2014, duas jovens dalit foram estupradas e enforcadas em plena luz do dia –, juntamente com a conivência política e social. Também em 2014, um parlamentar pertencente ao partido governista condenou os estupros contra menores, mas justificou os praticados contra mulheres adultas.
Apesar dos relatórios da Linha de Atenção à Mulher do Estado de Uttar Pradesh indicarem um aumento de 104% no número de denúncias por agressão, ainda é preciso fazer muito para acabar com esse silencioso martírio na Índia. Os principais elementos que perpetuam a aceitação da violência machista no país asiático são, sobretudo, a impunidade dos agressores e o medo ao ostracismo das vítimas.
Usha Vishwakarma, de 28 anos e fundadora das Brigadas Vermelhas, explica a necessidade da existência de seu grupo com a ajuda do exemplo mais próximo: “É inconcebível que aconteça o que se passou com Diya esse ano”, diz referindo-se ao caso de estupro de uma menor por um adulto que já havia abusado de outras 17 meninas em Lucknow. Acabar com a impunidade e vencer o medo é o que Usha, vítima de agressões sexuais como todas as suas colegas, se propôs quando montou o grupo em 2010. Criado para fazer campanha contra a violência machista, o grupo agora já levou adiante dois processos contra estupros enquanto usa métodos que seus agressores conhecem. “No começo treinávamos artes marciais, mas percebemos que a defesa pessoal era mais apropriada para nossa luta, porque não precisa de muita força e permite o desenvolvimento de técnicas rápidas em espaços reduzidos”, explica Usha.
Após o famoso caso de estupro coletivo de três anos atrás em Deli, o grupo das Brigadas Vermelhas começou a agir. Desde então treinaram em técnicas de defesa pessoal 34.000 mulheres de escolas, universidades e centros públicos de sete estados indianos. Seus pedidos tiveram consequências e as autoridades consentiram na distribuição de câmeras de vigilância no distrito e criaram um fundo de compensação econômica para 60 vítimas de ataques com ácido da região, onde o governo estuda a inclusão da defesa pessoal como parte do programa de formação profissional financiado pelo estado de Uttar Pradesh.
O pequeno grupo também organiza patrulhas nas ruas para informar moradores e reúne centenas de seguidoras para manifestações, como a realizada todo dia 29 de dezembro, relembrando o dia em que a jovem de Deli morreu por conta da brutal agressão em 2012. Também esperam ser centenas as que se reunirão a partir de quinta-feira em uma marcha que sai de Lucknow para chegar em 27 de novembro em Varanasi, onde outro grupo de universitárias abriu suas próprias brigadas seguindo os mesmos princípios.
“Para cada assédio, seguimos uma estratégia em três passos. Primeiro entramos em contato com a família do agressor. Se eles não fizerem nada, vamos à polícia. E se ninguém fizer nada, lhe damos uma surra”, descreve Usha, em seu escritório no bairro suburbano de Lucknow, ao lado de várias fotos de Phoolan Devi, a líder local que foi estuprada por parentes e autoridades até que fez justiça com as próprias mãos. Usha, entretanto, diz que só chegaram ao extremo da violência quatro vezes desde o começo do projeto, enquanto o resto ficou somente nas ameaças. Mas o recurso da força gera controvérsias, até mesmo entre seus defensores.
Nandita Bathla, do escritório indiano do Centro Internacional para o Estudo da Mulher (ICRW), fala sobre a contradição das atividades das Brigadas Vermelhas: “Como é possível condenar a violência por um lado e realizá-la ao mesmo tempo? Se isso se tornar algo subjetivo, então cada um terá um motivo para justificar ações contrárias à lei”. Mas a especialista em violência de gênero frisa a raiz do drama social: “O valor dessas garotas é romper o silêncio imposto por décadas e gerações. Por que elas precisam garantir uma segurança que deveria ser fornecida pelo Estado?”, pergunta-se, para finalizar: “Em um país no qual a produtividade dos jovens é elogiada, a presença dessas brigadas nas ruas lembra a todos o tamanho de nosso débito com eles”.
“Antes avisava minha família, mas nunca se queixaram para não precisar enfrentar a comunidade. Uma garota precisa reagir rápido nessas situações”, diz Laxmi Vishwakarma, de 19 anos e irmã de Usha, enquanto explica como semanas atrás esbofeteou um rapaz que tocou em seu sutiã enquanto caminhava pela rua. Laxmi insiste que o problema é de mentalidade: “Fiz uma pesquisa para a universidade na qual quase 90% das 300-400 famílias entrevistadas querem que suas filhas estudem somente para que consigam se casar com um bom partido. A mulher aqui é uma desvantagem, enquanto os meninos são patrimônio”.
Singhari Devi, a mãe de Usha e Laxmi, demorou a se acostumar com a situação. Hindu, vegetariana e tradicional, gostaria que suas filhas tivessem tomado a forma de Durga – deusa do amor maternal –, ao invés da de Kali – a da justiça violenta. Ambas reencarnações da mesma deidade. Ainda mais agora que a caçula da família também se veste com o salwar kameez das brigadas – calças pretas como cor do protesto e kurta vermelha, a parte superior, simbolizando o perigo. A simbologia também é uma arma nessa luta, dizem elas. A mais nova das Vishwakarma não passou pelo horror da violência machista. E diz que antes disso ocorrer, irá se defender dos golpes.

Reportagem de A.L.M. Cantera
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/24/internacional/1448366460_450234.html
foto:http://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet_lifestyle/Avidadesaltosaltos/2015-10-06-Elas-nao-tem-medo-de-vexar-molestadores-em-praca-publica